De acordo com o Censo de 2010, o Brasil possui aproximadamente 45 milhões de pessoas com deficiência, representando 24% da população total do país. No entanto, dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) publicados em outubro de 2019, baseados na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2018, revelam que apenas 486,7 mil pessoas com deficiência estavam ocupando postos de trabalho. Embora o percentual de PcDs inseridos no mercado de trabalho tenha aumentado nos últimos anos, o número de PcDs em atividade ainda é pequeno. Isso ocorre apesar da existência de legislação específica que determina a contratação dessas pessoas.
Portanto, é necessário desmistificar preconceitos e demonstrar que as pessoas com deficiência são tão qualificadas e possuem tanto potencial quanto qualquer outra. O reconhecimento e a valorização das habilidades dessas pessoas não só promovem inclusão, mas também enriquecem o ambiente de trabalho com diversidade de perspectivas e talentos.
O empreendedorismo é frequentemente associado à capacidade de inovar e criar novas oportunidades, um conceito que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) define como “ser um realizador, que produz novas ideias através da congruência entre criatividade e imaginação”. Essa visão, tradicionalmente aplicada a um perfil específico de indivíduos, também se estende a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras pessoas com deficiência (PcD).
Segundo o artigo “Potencial empreendedor em indivíduos com transtorno do espectro autista: uma perspectiva para o desenvolvimento”, de Ranice Pozzer, doutora em Administração, foram analisadas características comportamentais associadas ao TEA que podem ser ligadas ao desenvolvimento de potencialidades empreendedoras. Essas características incluem a capacidade de raciocínio, a percepção de padrões, o hiperfoco, a atenção aos detalhes, a habilidade de pensar de maneira diferente e a criação de algo valioso através da dedicação de tempo e esforço necessários.
Pozzer afirma que “nos autistas entrevistados que são empreendedores, a ação empreendedora foi impulsionada pelo hiperfoco e pela autoeficácia percebida resultante dele, além de ser influenciada pelas dificuldades de socialização”. A autora conclui que a atenção aos detalhes e a tolerância para realizar tarefas repetitivas, que são parte dos interesses e comportamentos restritos e repetitivos característicos do Transtorno do Espectro Autista, podem ser vantajosas para as organizações.
Atualmente, há notáveis exemplos de empreendedores autistas que estão se destacando em suas áreas e inspirando outros com seus talentos e conquistas ao redor do mundo, como Elon Musk e Bill Gates, CEOs de grandes empresas e revolucionárias, ambos diagnosticados com TEA Nível 1.
Em vista disso, verifica-se que a inserção de autistas em corpos empresariais e o incentivo ao potencial empreendedor de pessoas com TEA podem aumentar a produtividade dessas organizações e destacar novas habilidades e ideias inovadoras. Ao valorizar as características únicas dos indivíduos com TEA, as empresas não apenas promovem a inclusão, mas também se beneficiam de perspectivas diversificadas que podem levar a soluções criativas e eficientes. Assim, fomentar um ambiente onde essas qualidades são reconhecidas e aproveitadas pode resultar em um desenvolvimento econômico e social significativo.
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