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Apae Curitiba celebra o Dia Internacional da Síndrome de Down destacando desafios enfrentados por mulheres e suas famílias

Conheça a história de Hipólita e Julinha e descubra como apoiar meninas com síndrome de Down na puberdade.
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Lorena Motter Kikuti
Jornalista, Assistente de Comunicação, Marketing e Eventos
Publicado em

A Síndrome de Down é uma condição genética causada pela presença de um cromossomo extra no par 21. Essa alteração traz características físicas específicas, como os olhos amendoados e a hipotonia muscular, e está associada à deficiência intelectual em diferentes níveis. 

Todo ano, no dia 21 de março, celebramos o Dia Internacional da Síndrome de Down. Essa data tem um propósito essencial: valorizar a vida das pessoas com a síndrome e ampliar o debate sobre inclusão, direitos e qualidade de vida. Em 2024, o tema definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) é “Melhore nossos sistemas de apoio”, reforçando a importância de fortalecer as redes de suporte.

No mês em que também celebramos o Dia Internacional da Mulher, destacamos um tema que muitas vezes passa despercebido: os desafios enfrentados pelas mulheres com a Síndrome de Down e por suas famílias. O corpo feminino tem suas particularidades, e questões como menstruação, TPM, uso de anticoncepcionais e gravidez fazem parte da realidade de qualquer mulher, com ou sem deficiência. Mas como as famílias lidam com essas questões? Que tipo de suporte elas recebem? 

Conheça a história de Hipólita e Julinha

Hipólita Senem, secretária da Diretoria Executiva da Apae Curitiba, é mãe da Julinha, de 11 anos, que tem síndrome de Down. Ela conta que soube na 12ª semana de gestação que sua filha teria a condição, o que lhe deu tempo para se preparar e recebê-la da melhor forma possível.    

Desde cedo, Hipólita buscou normalizar as questões femininas para Julinha. “Eu já a preparava desde os oito anos. Eu fui explicando para ela que era mulher… a gente tomou banho juntas, né? Ela viu as diferenças entre nossos corpos”, conta.

Quando a primeira menstruação chegou, a família optou por um processo natural. A higiene e a autonomia foram preocupações iniciais, mas Julinha aprendeu a usar absorventes e manter os cuidados necessários. 

Além disso, Hipólita reforça a importância da prevenção contra abuso e assédio, já que crianças com Síndrome de Down podem não perceber certas situações de risco. Ensinar sobre consentimento, respeito ao próprio corpo e limites é fundamental, sendo um processo contínuo e repetitivo.

Como a medicina trata as questões femininas para mulheres com deficiência intelectual

Convidamos a médica ginecologista e obstetra, Ana Cecília Spautz, para explicar sobre os métodos contraceptivos mais eficazes para essas jovens.   

“Há medicamentos injetáveis, alguns administrados mensalmente e outros trimestralmente. Existem os DIUs, que podem ser usados com segurança, incluindo alguns que reduzem o fluxo menstrual. Vale lembrar que algumas pessoas precisarão de medicamentos específicos, especialmente anticonvulsivantes, que podem ser incompatíveis com a pílula anticoncepcional. Nesses casos, optamos por uma variedade de métodos contraceptivos, preferindo sempre os de longa duração — ou seja, que não precisam ser tomados diariamente — e que sejam reversíveis”, explica a especialista. 

A especialista conta que, antigamente, muitas mulheres com deficiência eram submetidas a laqueaduras precoces por medo da família em relação à gravidez. Hoje, com métodos eficazes e menos invasivos, essa prática não é mais necessária. Ainda assim, o tabu sobre a sexualidade das pessoas com deficiência persiste. Muitas famílias tendem à superproteção, mas é fundamental reconhecer que essas mulheres possuem desejo sexual e nem sempre estarão sob a supervisão dos pais. Falar sobre educação sexual, respeito e autonomia é essencial para garantir que tenham uma vida plena e segura.

O papel da escola ao lidar com a puberdade em meninas com a síndrome

A escola tem um papel fundamental no apoio às famílias e alunas, tratando o corpo como um organismo em constante evolução, que merece respeito e cuidado.

“Quando falamos sobre puberdade, é um assunto que não se inicia apenas por volta dos nove ou dez anos. Essa mudança hormonal da jovem deve ser compreendida desde o trabalho na educação infantil. É muito importante que essa criança entenda sua imagem corporal, conheça seu corpo, a função de cada parte e suas possibilidades, para que, ao chegar nessa fase, saiba que essas mudanças fazem parte”, afirma Margareth Terra, diretora da Escola de Estimulação e Desenvolvimento – CEDAE (0 a 5 anos e 11 meses) e da Escola Luan Muller (6 a 15 anos e 11 meses) da Apae Curitiba. 

Ela destaca que, durante a puberdade, todo o trabalho anterior, como desfralde e estímulo à autonomia, contribui para que esse processo seja mais tranquilo e seguro, tanto para a pessoa quanto para a família, que oferece suporte e segurança para que ela compreenda a menstruação como algo natural.

Tal apoio escolar foi vivenciado por Hipólita: “Fui super bem recebida pela Assistência Social da Apae. A Julinha teve todo o apoio possível nessa fase fundamental da vida dela. Foi uma assistência sensacional, e ela se desenvolveu muito.”

Mulheres com síndrome de Down: fortes, talentosas e capazes

A Apae Curitiba celebra esta data promovendo um olhar mais humano, inclusivo e consciente para as mulheres com Síndrome de Down. Elas são fortes, talentosas e capazes de superar desafios, realizar sonhos e conquistar seu espaço na sociedade. 

O suporte escolar e familiar é essencial para estimular seu desenvolvimento, garantindo educação de qualidade, acesso à informação, autonomia e inclusão. 

Juntos, promovemos respeito, valorização e um mundo mais acolhedor. Feliz Dia Internacional da Síndrome de Down!

Quer saber mais e conhecer essas histórias de perto? Assista ao vídeo!

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A Apae de Curitiba precisa da sua ajuda. Hoje a instituição atende quase 474 estudantes em três escolas, oferecendo saúde e assistência social. São realizados, em média, 40 mil atendimentos terapêuticos por ano e 3,4 mil por mês. Por ser uma instituição sem fins lucrativos precisa de apoio da sociedade. O ambiente precisa de reformas e para isso, que tal doar para a Apae Curitiba e apoiar a causa da pessoa com deficiência intelectual ou múltipla? É muito fácil, clique AQUI e saiba mais! 

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