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Profissionais da Escola CEDAE realizam curso de Gerenciamento de Crises para crianças com deficiência intelectual

Os profissionais puderam realizar o curso através de uma emenda destinada pelo deputado federal Diego Garcia.
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Eduarda Zeglin
Jornalista, Assistente de Comunicação, Marketing e Eventos
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Em setembro deste ano, três profissionais da Escola de Estimulação e Desenvolvimento (CEDAE) da Apae Curitiba, que atuam nas áreas de Educação Física, Psicologia e Terapia Ocupacional, participaram de um curso de gerenciamento de crises ministrado pelo instrutor Dr. Paulo Chereguine. O objetivo deste curso foi oferecer suporte aos profissionais que trabalham com crianças que têm deficiência intelectual e múltipla, atrasos no neurodesenvolvimento, desenvolvimento atípico e características neurodivergentes, fornecendo orientações sobre como agir em situações de crise durante o processo de ensino e aprendizado desses indivíduos. 

As crises enfrentadas por crianças com deficiência intelectual podem ser desafiadoras, tanto para elas quanto para suas famílias. É fundamental contar com profissionais qualificados e especializados nesse contexto, pois eles desempenham um papel crucial no apoio às crianças durante esses momentos difíceis. Profissionais bem treinados, são capazes de compreender as necessidades específicas de cada criança e desenvolver estratégias adequadas para lidar com crises comportamentais, emocionais ou cognitivas. Além disso, esses profissionais podem fornecer orientação e apoio às famílias, ajudando a criar um ambiente mais seguro e acolhedor para a criança, promovendo seu bem-estar e desenvolvimento. 

Pensando nisso que o professor de Educação Física, Felipe Mattuella decidiu realizar o curso, ele foi um dos profissionais que se manteve engajado ao adquirir mais conhecimento sobre esse assunto. O professor relata que esse processo teve um impacto significativo em seu desenvolvimento como profissional da área, tornando-o mais atento para identificar potenciais situações de crise e desconforto entre os estudantes.

‘’O curso fornece subsídios pra que eu conheça melhor meu aluno, saiba mediar situações e possa orientar o meu corpo docente. Então a gente pode elaborar um gerenciamento junto com um tratamento dessas crises, eu posso estar orientando os profissionais e as famílias, caso seja necessário a gente tomar algumas atitudes um pouco mais específicas’’, comentou Mattuella. 

Essa preparação garante que todos os profissionais que trabalham com crianças com deficiência intelectual estejam devidamente habilitados e capacitados para executar esse tipo de gerenciamento, adotando uma abordagem multidisciplinar. Dessa forma, é viável assegurar que esses profissionais atuem com segurança diante de eventuais situações de crise que possam surgir em suas rotinas de trabalho.

‘’Eu vejo que quando as pessoas tem um profissional como referência e que sabe aquilo que tá fazendo, elas se espelham e elas vão confiar muito mais no meu trabalho e tendo essa confiança eu posso exercer algo muito grandioso pra que essas crianças tenham um processo de ensino aprendizado maravilhoso, e possam alcançar patamares gigantescos que é o meu sonho pra todas elas’’, disse.

Como identificar a crise

Um dos aspectos importantes ressaltados por Mattuella foi a compreensão do processo de crise. O profissional explicou que esse processo é previsível e consiste em quatro estágios. O primeiro estágio é o “estável”, seguido pela “pré-crise”, que compreende três estágios distintos. Em seguida, ocorre a crise em si, seguida pelo estágio de “pós-crise”, que se divide em dois estágios, culminando novamente em estabilidade quando devidamente conduzido. Por isso a importância de ter profissionais que saibam conduzir esses momentos, de que forma vai intervir e mediar essa situação para proporcionar a segurança e o bem-estar da criança. 

O curso PCM é ministrado com uma abordagem humanizada, visando o melhor interesse da criança. O professor também enfatiza que quando não é possível evitar ou reduzir a intensidade da crise por meio da prevenção e desaceleração, é necessário recorrer a técnicas de imobilização de forma natural e não invasiva, demonstrando que quanto mais a criança se sentir segura e tranquila, mas compreenderá que não é preciso se machucar. Além disso, é importante que a intervenção desse tipo seja realizada apenas por profissionais certificados. 

O curso dentro da Terapia Ocupacional

Ana Carla Melo, que exerce a função de terapeuta ocupacional, compartilhou que sua motivação para participar do curso estava diretamente relacionada à necessidade de aprimorar suas competências na área. Lidar com crianças neurodivergentes frequentemente implica em lidar com situações desafiadoras e imprevisíveis. Isso a incentivou a se manter preparada para enfrentar qualquer tipo de situação que surgisse em seu trabalho, garantindo a implementação de procedimentos eficazes para o benefício das crianças sob seus cuidados.

‘’No contexto do meu trabalho com crianças, os aspectos mais valiosos que adquiri no curso de gerenciamento de crises incluem aprimorar a comunicação com crianças com dificuldades de expressão, desenvolver estratégias preventivas para evitar crises e aplicar abordagens terapêuticas que promovam o bem-estar emocional e comportamental das crianças’’, conta a terapeuta. 

Alguns desafios podem ser encontrados no meio da consulta, mas isso varia de caso para caso, é o que explica a terapeuta, agressões, autolesão, resistência às atividades terapêuticas e fatores emocionais podem ser encontrados. Com as metodologias ensinadas no curso, Ana pôde compreender as principais estratégias referentes à comunicação eficaz e abordagens de desaceleração para ajudar as crianças a lidar com suas emoções e comportamentos de maneira mais adaptativa, além de criar ambientes terapêuticos e educacionais seguros e adaptados às necessidades individuais de cada criança. 

‘’A minha experiência ao participar do curso foi extremamente enriquecedora, pois ampliou meu conjunto de habilidades de manejo e ferramentas adequadas para intervir no ciclo da  crise com embasamento teórico-prático necessário para lidar com situações desafiadoras de maneira mais eficaz e segura”, falou Melo. 

O engajamento de profissionais da Apae e organizações semelhantes em iniciativas de capacitação é de suma importância. Isso não apenas eleva a qualidade dos atendimentos prestados, mas também promove um ambiente mais seguro e acolhedor para as crianças e suas famílias. Além disso, a capacitação em gerenciamento de crises contribui para o bem-estar e a segurança das crianças e dos próprios profissionais, reduzindo o estresse e a exaustão que podem resultar do enfrentamento de situações desafiadoras.

Gerenciamento de crises para crianças com TEA

Além de dar o suporte em relação às crises, Giulia Vieira Bieler, psicóloga que também atua na escola CEDAE, compartilhou que o curso a ajudou nas demandas específicas trazidas por algumas pessoas com o espectro autista (TEA), as quais precisam ser melhor compreendidas. 

‘’Não se trata de olhar somente para o indivíduo, mas de compreender o que molda um comportamento e quais as circunstâncias que podem desencadear uma crise. Nesse sentido, se faz importante ter pessoas capacitadas em compreender o que causa esses momentos de crise e desta forma ter mais ferramentas para o manejo destes momentos difíceis’’, relatou Bieler. 

Como Psicóloga, conhecer e se aprofundar sobre as questões relacionadas à pessoa com deficiência e principalmente com as autistas foi importante para entender o ciclo das crises e o manejo delas e a estruturação de plano terapêutico individual. 

‘’Momentos de crise são difíceis para a criança e para os que estão junto com ela neste momento. Por isso, quanto mais ferramentas dispomos neste momentos, mais poderemos contribuir na mudança de condições para evitar que as crises ocorram, e quando ocorrem de auxiliar e manejar este momento’’, comentou a profissional. 

O curso teve um papel essencial ao oferecer o suporte e o conhecimento necessários aos profissionais, enriquecendo significativamente a experiência ao longo de todo o processo de aprendizado, tanto na teoria quanto na prática. Estar preparado com as ferramentas adequadas é essencial para contribuir de maneira eficaz, beneficiando não apenas os profissionais, mas também as crianças que dependem desse apoio.

A Escola CEDAE

A Escola CEDAE, Educação Infantil na Modalidade Educação Especial, oferece atendimento pedagógico e terapêutico, de estimulação precoce e pré-escolar, com idade cronológica de 0 a 5 anos e 11 meses. O atendimento é destinado às crianças com síndromes, atrasos de desenvolvimento neuropsicomotor e deficiência intelectual. O objetivo principal é promover, através do processo educacional e terapêutico, a formação do cidadão, sua estruturação para a independência, autonomia e autorrealização. Conheça a escola clicando AQUI.

Endereço: Rua Alferes Ângelo Sampaio, 1597, – Batel, Curitiba – PR 

Contato: (41) 3222-8884

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