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Saiba como se referir às pessoas com deficiência

Muitos termos pejorativos ainda são utilizados e a expressão correta contribui para a inclusão.
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Eduarda Zeglin
Jornalista, Assistente de Comunicação, Marketing e Eventos
Publicado em

Na hora de se referir a pessoas com deficiência, é comum que surjam dúvidas a respeito da expressão correta a ser usada. Empregar termos pejorativos para se referir a essas pessoas se torna uma forma de opressão. Colocar rótulos por uma condição, sem verificar a sua competência para exercer determinada função, é limitante e inadequado.

As pessoas com deficiência já foram referidas de “inválidas”, “incapazes”, “portadoras” e “pessoas especiais”. Com a tentativa de tornar a inclusão mais presente e diminuir o preconceito, podemos dizer que hoje o uso único e exclusivamente correto é “pessoa com deficiência’’ – PcD, adotado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em 2006 e está em vigor desde 2008 no Brasil, assinada por mais de 170 países.

Por pressão, a Organização das Nações Unidas (ONU) determinou o ano de 1981 como Ano Internacional das Pessoas Deficientes. O impacto dessa terminologia foi profundo e ajudou a melhorar a imagem desse segmento da sociedade.

Historicamente

A discriminação e o sofrimento das PcD existe desde a Antiguidade Clássica. Muitas crianças que nasciam com alguma limitação eram abandonadas, sacrificadas ou até mesmo levadas a prostituição. A partir do século IV, foram internadas em instituições de asilo voltadas para os marginalizados e sem atendimento específico. Muitas vezes, as “incapacidades” físicas e os “problemas mentais” eram considerados sinais da ira divina, tachados como “castigo de Deus”.

Isso se perpetuou ao longo dos anos e somente nos séculos XVII e XVIII iniciou a valorização das PcD. Na metade do século XX, o atendimento começou a ser realizado em escolas especiais e/ou nas classes especiais das escolas regulares. Após a década de 90, foram formuladas as principais legislações específicas para as pessoas com deficiência, que preconizam a sua inclusão na sociedade, por meio da igualdade de oportunidades.

Podemos classificar alguns tipos de deficiência, entre elas encontramos: deficiência auditiva, visual, física, mental e intelectual e/ou múltipla. Se tratando especificamente das deficiências intelectuais trazemos algumas dicas de relacionamento e de comportamentos inclusivos em relação a elas:

  • A pessoa com deficiência intelectual deve ser tratada com respeito e dignidade, assim como qualquer cidadão gostaria de ser tratado;
  • Não a ignore durante uma conversa: cumprimente-a e despeça-se dela, como você o faria com outras pessoas; 
  • Não tenha receio de orientá-la quando perceber situação duvidosa ou poder colocá-la em risco. A pessoa com deficiência intelectual necessita de uma orientação clara, mas não a superproteja, deixe que ela tente fazer sozinha tudo o que ela puder; 
  • Não reforce ou incentive atitudes e falas infantis, elogios desnecessários no diminutivo, como se conversasse com uma criança. Se for criança, trate-a como criança. Se for adolescente, trate-o como adolescente, e, se adulto, trate-o como tal; 
  • Não subestime sua inteligência. A pessoa com deficiência intelectual tem um tempo diferenciado de aprendizado e pode adquirir muitas habilidades e conhecimentos, além de compreender normalmente a sua realidade. Ofereça informações em linguagem objetiva, com sentenças curtas e simples; 
  • A pessoa com deficiência intelectual compreende normalmente a sua realidade. Valorize suas potencialidades e não supervalorize suas dificuldades.

Expressões que não devem ser mais utilizadas:

  • “Portadores de deficiência”: O termo caiu em desuso. É como se a deficiência fosse algo que a pessoa possa às vezes “portar” e outras vezes não (como um documento ou um guarda-chuva). Não se diz, por exemplo, que alguém “porta” olhos verdes.
  • “Pessoas especiais ou com necessidades especiais”: Os termos foram usados para substituir “deficiência”, em uma tentativa de amenizar o significado da palavra. O argumento usado em defesa dessa expressão é o de que “todos somos imperfeitos”, é criticado por menosprezar os direitos das pessoas com deficiência.
  • “Pessoa Normal”: termo utilizado antigamente para se referir à criança, adolescente ou adulto que não tenha nenhuma deficiência. A normalidade passou a ser requisito de tratamento, e a desinformação quanto ao termo correto fazia com que as pessoas com deficiência fossem consideradas “anormais”.
  • “Invalido”: essa palavra significa algo que não tem valor. Por isso, quando nos referimos a alguma pessoa, jamais devemos utilizar esse termo.
  • “Incapacitado”: utilizado na época em que as pessoas com deficiência eram constantemente diminuídas e sofriam preconceitos por parte da sociedade, que as consideravam incapazes devido à sua deficiência.

     

  • Diante de tais esclarecimentos, destaca-se a necessidade e a importância do esforço coletivo no sentido de empregar as terminologias corretas e adequadas ao novo modelo inclusivo, pois a perpetuação dessas falas nos coloca em condições constantes de discriminação. A deficiência não se trata de uma patologia que o indivíduo carrega, ela é apenas um obstáculo que deve ser enfrentado, não somente por eles, mas pela sociedade como na totalidade.  As PcD são acima de tudo pessoas, elas têm suas limitações como qualquer outra, não são doentes e ineficientes.

    Fonte: Coleção Paraná Inclusivo, v.1, Conhecendo a pessoa com deficiência, Governo do Paraná____

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