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Ser mãe de menina é muito diferente de ser mãe de menino

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Hipólita Senem
Colunista
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Mas é verdade que ser simplesmente mãe é adentrar num universo que não tem volta, o gosto te inebria, de conquista e logicamente te desafia a cada momento, a cada fase, desde que eles, os bebês, são concebidos e não somente depois que nascem.

Quando me tornei mãe minhas referências familiares me ajudaram muito. Porém, me pareceram insuficientes para o que eu queria, pensava e acreditava. Busquei livros e manuais sobre temas de educação, criação, desenvolvimento emocional, entre outros temas. Alguns me ajudaram, outros abriram meus pensamentos e principalmente meu saber.

Outra verdade é que qualquer mãe saberá que fez um bom trabalho na educação de seus rebentos, mas sempre terá a sensação de insuficiência, de que, apesar de tudo, parece ter faltado algo.

Bem, o fato é que, principalmente depois de uma maternidade atípica, toda mãe se enche ainda mais de dúvidas, medos, inseguranças, não infundados ou, na opinião delas, com todos os fundamentos que esta nova realidade traz; mas todos são sinceros e que só o instinto materno não basta para resolver.

Aqui, não foi diferente quando minha filha mais nova, nasceu com T21. Durante a gestação me preparei para o caminho a ser trilhado ainda nos primeiros meses. Assim, posso dizer tranquilamente, que a estimulação precoce começou ainda intraútero.

A cada fase do desenvolvimento dela, novos desafios e situações apareceram e em todos, a atitude positiva foi primordial, depois a busca por profissionais mais capacitados tecnicamente que pudessem me apoiar. Recentemente, minha pequena florzinha, na plenitude de seus 10 anos, teve sua menarca, ou primeira menstruação. E é sobre isso que me fez pensar no título deste texto: ser mãe de menina é muito diferente de ser mãe de menino.

Eu já sabia que este momento iria chegar, inevitavelmente. Este é um marco na vida de nós, mulheres. Nos marca de uma forma indelével que levaremos para o resto de nossas vidas. Então, me preparei para minha filha. Passei horas pensando em como agir, o que fazer, o que dizer. Consultei mães de meninas nos grupos do qual faço parte e procurei a opinião especializada de uma ginecologista.

Meu maior medo, considerando as características próprias da T21, era a falta de preparo ou maturidade dela em lidar com a novidade aparecendo em seu corpo sem necessariamente ser a vontade dela.

Ouvi cerca de 25 mães, ou mais e todas apresentaram falas tranquilizadoras. Muitas já tinham filhas mais velhas que ajudaram a menina com T21 a passar pela menarca de forma serena, bem como manter hábitos de higiene íntima satisfatórios. Logo, percebi o papel crucial do núcleo familiar como rede de apoio natural.

Algumas mães, a minoria, relataram ter procurado a ginecologistas para interromper ou retardar o ciclo menstrual da menina com T21. Nesta opção, justificaram que não foi para trazer algum tipo de alívio aos pais, mas sim pensando tão somente no bem-estar e no desenvolvimento do indivíduo, visto que há uma preocupação sempre latente sobre o desenvolvimento cognitivo e a consequente maturidade em lidar com as mudanças, tanto físicas quanto emocionais do momento.

Particularmente, como eu tinha tempo, fui conversar com a médica Ana Cecília Guimarães Spautz, ginecologista e obstetra, especialista em trato genital inferior. Para a médica, é importante deixar a menina menstruar, nem que seja por um pequeno período, “até um ano, para que ela termine de desenvolver o eixo neuroendócrino”, justificou. No início o fluxo é pequeno, geralmente a menina pode dar conta, porém com o passar dos meses, o fluxo pode aumentar e com isso trazer desconfortos, tanto físicos como emocionais, quando então doutora Ana, aconselha a procura pelo médico para que prescreva a melhor solução ou até a suspensão da menstruação.

Neste quesito, doutora Ana lembra que tudo que for prescrito será hormonal, e há muitas opções: comprimidos, injeções, implantes subcutâneos e até os DIUS de baixa dosagem hormonal (Dispositivos Intrauterinos), porém, não se pode esquecer, que a ingesta de hormônios pode trazer consequências, e a mais difundida é a desaceleração do crescimento.

Distante de quaisquer julgamentos, as decisões devem ser sempre amparadas no conhecimento das capacidades da menina com T21 e, se possível, na opinião especializada.

De qualquer forma, aqui optamos por esperar, e dar o aconchego necessário para a nossa menina com T21. A fala calma, o ensinamento com amor, a naturalidade de ver o que está acontecendo com o corpo dela e principalmente, o respeito ao momento.

Não é incomum a menina se retrair, querer ficar pensando nas mudanças e nos cuidados pessoais, o corpo dói, os seios parecem que vão cair, incham, a vontade de brincar de antes dá lugar a vontade da introspecção, falta apetite, a sede aumenta, tudo é motivo para uma lágrima, uma hora ela diz “não me toque”, na seguinte ela anseia por um abraço. Tudo isto faz parte desta nova fase de transição: menina criança/menina moça.

Como pais precisamos acolher, ser empáticos, entender e dar suporte, amar e mostrar um caminho de luz e serenidade para o crescer!

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