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Saúde em Foco – Desvendando o Cérebro: avanços e desafios no campo da neurologia

Veja as considerações do doutor Edson Piana, médico neurologista da Apae Curitiba, sobre tratamentos, pesquisas e novidades aplicadas no atendimento neurológico para pessoas com deficiência intelectual.
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Lorena Motter Kikuti
Estagiária de Jornalismo
Publicado em
Há doze anos o Dr. Edson Piana tem dedicado sua expericiencia no campo da neurologia à instituição, cuidando de alunos e assistidos de todas as idades que possuem deficiência intelectual - Foto: Arquivo Apae Curitiba

A Neurologia é uma área da medicina focada na investigação, diagnóstico e terapia de problemas que afetam o sistema nervoso, abrangendo o cérebro, a medula espinhal, os nervos periféricos e os músculos.

Essa especialidade desempenha um papel fundamental no tratamento de pessoas com deficiência intelectual, pois oferece cada vez mais conhecimentos sobre as bases neurobiológicas dessas condições, permitindo o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais precisas e eficazes. 

A Apae Curitiba é referência em atendimento à pessoa com deficiência intelectual (DI) e/ou múltipla. A instituição oferece serviços especializados e a área da saúde é uma das atividades presentes para garantir os tratamentos adequados aos alunos. 

O doutor Edson Piana, médico neurologista que está há doze anos na Apae Curitiba e atua nas escolas Luan Muller, Agrícola, Vivenda e Escola de Integração e Treinamento do Adulto (CITA), revelou informações importantes acerca dos desafios e da importância da neurologia para a pessoa com DI, tratamentos, além do compartilhamento de pesquisas e inovações tecnológicas e científicas na área. Confira!

Importância da neurologia para a deficiência intelectual

De acordo com Edson Piana, esse campo da medicina tem contribuído significativamente para a compreensão das causas implícitas da deficiência intelectual, identificando fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais que influenciam o desenvolvimento cognitivo. 

“Essa compreensão mais profunda das bases neurobiológicas da deficiência intelectual tem direcionado o desenvolvimento de novas opções de tratamento, incluindo terapias genéticas, farmacológicas e comportamentais”, pontuou. 

A importância da pesquisa na área da deficiência intelectual vai além da simples identificação das causas muitas vezes desconhecidas. A compreensão desses fatores permite o desenvolvimento de estratégias de intervenção mais eficazes e personalizadas, visando não apenas a diminuição dos sintomas, mas também a promoção do potencial cognitivo e a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos afetados.

Desafios

O médico revelou que os desafios mais comuns enfrentados pelos neurologistas ao tratar pacientes com deficiência intelectual, como a maioria dos alunos da Apae Curitiba, englobam a complexidade das condições médicas coexistentes, a diversidade na manifestação dos sintomas e a demanda por personalização das terapias para atender às particularidades de cada indivíduo. 

Progressivamente, esses desafios vêm sendo abordados por meio de uma perspectiva centrada no paciente, que reconhece a singularidade de cada caso e fomenta uma colaboração mais estreita entre especialistas de diferentes campos.

Tratamentos neurológicos

A Deficiência Intelectual caracteriza-se por um funcionamento do indivíduo no dia a dia, inferior à média, surgindo antes dos 18 anos e apresentando limitações em duas ou mais áreas adaptativas, como: comunicação, autocuidado, interação social, uso de recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e emprego. Assim, os tratamentos neurológicos para pessoas com deficiência intelectual variam dependendo das necessidades individuais e dos diagnósticos clínicos presentes.

Conforme Edson, algumas abordagens comumente empregadas na neurologia incluem terapias comportamentais, estratégias educacionais e uso de medicamentos para lidar com condições adicionais, como a epilepsia ou distúrbios de humor.

A integração de diferentes profissionais da saúde é fundamental para oferecer intervenções terapêuticas que atendam às necessidades médicas, emocionais, educacionais e sociais das pessoas com deficiência intelectual.

“A execução do tratamento em clínicas compostas por equipe multidisciplinar, com troca de informações e conhecimentos envolvendo os profissionais das áreas de Psicologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Médica tem mostrado resultados mais eficazes“, afirmou o médico.

Biologia Molecular

A biologia molecular é um ramo da biologia dedicado à análise da composição e do papel das biomoléculas, tais como ácidos nucleicos e proteínas. O neurologista afirma que uma das promessas do futuro no estudo neurológico relacionado às DI é a biologia molecular. 

“O setor de biologia molecular, a partir de análises moleculares, com técnicas para verificar a presença de alterações genéticas poderão elucidar doenças associadas com características neurológicas como o Transtornos do Espectro do Autismo, Ataxias, Neuropatias, Epilepsias e Ataxias“. 

Terapia Gênica

Apesar de observarem-se efeitos adversos em estudos clínicos, laboratórios de pesquisa e empresas estão constantemente empenhados no desenvolvimento contínuo de novos materiais e procedimentos, visando garantir maior segurança e eficácia.

A Terapia Gênica é o tratamento baseado na introdução de genes sadios com uso de técnicas de DNA recombinante. Conforme Edson, embora ainda em estágio experimental, progressos recentes indicam oportunidades e expectativa de que essa tecnologia poderá chegar à prática clínica. 

Neurogenética

Neurogenética é um campo interdisciplinar que combina a neurobiologia e a genética para estudar como os genes influenciam o desenvolvimento, a função e os distúrbios do sistema nervoso. Segundo o doutor, a pesquisa nesse campo tem colaborado significativamente para a compreensão e tratamento de condições associadas à deficiência intelectual. Isso porque ela estuda  a correlação entre o código genético, o desenvolvimento e a função do Sistema Nervoso.

“Ela tem elucidado as bases neurobiológicas das deficiências intelectuais, identificando nos genes e cromossomos, suas alterações e mutações, fazendo a correlação com as vias neurais envolvidas. Isto abre caminhos para terapias genéticas e farmacológicas mais direcionadas“, compartilhou. 

Neuroimagem

Edson conta que os progressos recentes na área da neurociência têm trazido benefícios significativos para o estudo da deficiência intelectual, como evidenciado pelo surgimento de técnicas avançadas de neuroimagem. Essas técnicas possibilitam uma compreensão mais aprofundada das origens neurológicas das deficiências intelectuais, o que por sua vez resulta em abordagens terapêuticas mais precisas e adaptadas às necessidades individuais.

Inovações tecnológicas

De acordo com o especialista, as inovações tecnológicas são peças importantes para a evolução no tratamento de condições associadas à deficiência intelectual. Ele cita as terapias de estimulação cerebral invasiva, implantes de “chips” no encéfalo, exoesqueletos motorizados, entre outros. 

Terapias baseadas em estimulação cerebral não invasiva: essas terapias, como a estimulação magnética transcraniana, têm mostrado promessa na melhoria de habilidades cognitivas e funcionais em indivíduos com deficiência intelectual.

Implantes de “chips” no encéfalo:  estudos de implantes de “Chips” no encéfalo ainda estão em andamento, com o objetivo de captar ondas cerebrais e traduzir em comandos para controle de máquinas periféricas. 

Isto poderia ser usado para o controle de uma cadeira motorizada captando o pensamento e os comandos do cérebro de um paciente com tetraplegia.

Exoesqueletos motorizados: essa inovação serve de suporte e ajuda na mobilidade do paciente com deficiência motora

Marcasso para tratamento de epilepsia: a presença comum da epilepsia como uma condição neurológica adicional em indivíduos com deficiência intelectual pode causar dificuldades diárias, aumentando o risco de quedas e lesões. A implementação de tratamento medicamentoso oferece controle da condição em cerca de 70% dos casos, proporcionando maior segurança durante as atividades cotidianas e melhorando a independência, desempenho acadêmico e qualidade de vida tanto para o paciente quanto para seus familiares. Porém, quando a epilepsia não é controlada satisfatoriamente por medicamentos, existe um tratamento que implica na colocação de marcapasso (gerador de pulsos elétricos, técnica chamada de Estimulação Cerebral Profunda) com estimulação do nervo vago na região do pescoço. 

Para saber tudo sobre Deficiência Intelectual, Síndromes e Transtornos, siga a Apae Curitiba no Facebook e Instagram.

A Apae Curitiba

A Apae Curitiba conta com três centros terapêuticos que oferecem atendimentos à saúde gratuitos às pessoas com deficiência intelectual ou múltipla. A instituição é mantenedora de cinco escolas especializadas localizadas em Santa Felicidade, Batel e Seminário, em Curitiba. Confira nossas escolas:

➔ Escola de Educação de Estimulação e Desenvolvimento – CEDAE: Faixa Etária: 0 a 5 anos e 11 meses. 

➔ Escola Luan Muller: Faixa Etária: de 06 a 15 anos e 11 meses. 

➔ Escola Terapêutica Vivenda: Faixa Etária: a partir de 16 anos, com atuação no EJA. 

➔ Escola Integração e Treinamento do Adulto – CITA: Faixa Etária: acima de 16 anos, com atuação no EJA. 

➔ Escola Agrícola Henriette Morineau: Adultos e adolescentes a partir de 17 anos.

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