A odontologia e a síndrome de Down
A visão de uma mãe.
Os atributos físicos aparentes de um indivíduo com síndrome de Down quase sempre precedem na percepção de outras características que possuem, pois são menos visíveis, não estão na “cara”.
Na lista das características não visíveis, podemos citar, as cardiopatias, problemas de audição e respiração, que podem afetar o sono, e os problemas com a dentição, que pode afetar todo o sistema fonoarticulatório da criança, tema relevante para nosso tema de hoje.
Me acostumei com a frase que escutei do doutor Zan Mustacchi, médico geneticista e pediatra, diretor Clínico do CEPEC – SP, durante uma de suas diversas entrevistas sobre a síndrome de Down, e que cabe como uma luva para o contexto: “O desenvolvimento de uma pessoa com Síndrome de Down está intimamente ligado ao estímulo e incentivo recebidos, sobretudo nos primeiros anos de vida”.
Quando meu primeiro filho nasceu, logicamente, fiquei muito preocupada com a higiene de tudo, principalmente com a boquinha do bebê prematuro e com a jornada interminável das mamadas. Quando Júlia veio ao mundo, com sua T21, meus cuidados não foram menores, e assim, antes de completar seu terceiro mês, fez sua primeira consulta odontológica.
Foi altamente esclarecedor e útil para todo o desenvolvimento dos primeiros anos de vida da Júlia. Ela foi atendida pela doutora Andrea Petermann Chatagnier Sperandio, super bem-preparada e com experiência acumulada no ambulatório de síndrome de Down do Hospital de Clínicas do Paraná.
Todos podemos indicar bons dentistas, porém o que a destacou foi a anamnese bem detalhada: como foi a gravidez, o parto, a notícia, comorbidades pré-existentes, alimentação, etc. Tudo pode influir diretamente na percepção dos pais com relação aos seus filhos, e impactar de alguma forma nos cuidados com o bebê.
Nesta primeira consulta foi importante receber orientações sobre a higiene com gaze, uso de dedeiras com cerdas, a importância da visita à Fonoaudióloga e ao Otorrinolaringologista e principalmente quais os primeiros estímulos.
Não podemos esquecer que a língua é um dos músculos, que fazem parte de todo o sistema fonoarticulatório que sofre os impactos da hipotonia que afeta de alguma forma (leve ou acentuada) todos os indivíduos com T21.
Assim, fui incentivada a utilizar hastes flexíveis (cotonetes), na cavidade oral da minha filha, bem como o uso de brinquedos térmicos e de escovas especiais com diferentes relevos anatômicos para criar a dessensibilização e fortalecimento dos músculos. Some-se ao fato de que a Júlia nasceu com um excelente instinto de sucção e mamou plenamente em livre demanda até seus dois anos de idade.
Além da ida precoce ao dentista, certamente, ir ao fonoaudiólogo e Otorrino também auxiliaram para o fortalecimento do sistema orofacial, pois nestes profissionais, a Julinha teve acesso à terapia com Kinesio Taping (bandagem elástica), técnicas de massagem, sucção não nutritiva, avaliação quanto ao uso de placa palatina de memória e placa de mordida (posteriormente).
Ao chegar aos três meses, Julinha começou a frequentar a Escola de Estimulação e Desenvolvimento (CEDAE), onde recebia estímulos essenciais, tais como: fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Musicoterapia, Neuropediatria, Psicologia e Nutrição. Todos fizeram a diferença para o desenvolvimento integral da Júlia, conferindo à família muito mais segurança e apoio nos cuidados gerais com a bebê.
A primeira dentição dos indivíduos com síndrome de Down pode parecer normal, mas não é. Os dentinhos nascem em ordem aleatória, podem doer além do normal, causar febres, diarreias, além de faltar alguns dentes (agenesia).
A língua, com pouco ou sem estimulação, pode ficar protusa, para fora da boca, o que pode implicar na dificuldade de mamar, na correta vedação labial e dificuldade na fala, além de outros problemas que podem ser avaliados pelo Otorrinolaringologista, que afetam a deglutição, audição e o sono.
Graças aos estímulos recebidos, Julia tem uma boa vedação labial e língua com tamanho adequado para sua cavidade oral, no entanto, não ficou livre das diversas agenesias e do uso de aparelho móvel e fixo para correção de mordida cruzada e expansão do palato e aumento do arco dentário superior.
O creme dental foi introduzido aos poucos, e saiba que há boas soluções naturais e até homeopáticas. A higiene bucal ainda sofre intervenção dos pais, mas com a correta orientação, logo ela vai se virar sozinha, afinal, é preciso construir e acreditar.
Hoje, Júlia é privilegiada por ter um irmão dentista, mas não deixou de ser atendida pela sua primeira e fundamental profissional, o acompanhamento do desenvolvimento de seu sistema fonoarticulatório é importante para seu futuro. Nós, pais, devemos ter paciência, para os tratamentos, e mais ainda para os resultados. Eles não chegam de uma hora para outra, mas fazem parte de um processo.
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