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Eduacação Sexual e Deficiência

Uma conversa importante, mas muitas vezes esquecida
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Paulo Fortunato
Jornalista, Gerente de Comunicação, Markentig e Eventos
Publicado em

Educação sexual. Deficiência. Duas palavras que, quando combinadas, podem despertar um desconforto social evidente. No entanto, é justamente essa relutância em abordar a educação sexual para pessoas com deficiência que perpetua o silêncio e o estigma em torno do assunto. É vital quebrar esses tabus para garantir os direitos sexuais de todos os indivíduos, independentemente de suas habilidades. 

A Realidade da Sexualidade e Deficiência

A noção equivocada de que pessoas com deficiência são assexuadas ou incapazes de ter uma vida sexual é um preconceito infundado que ainda persiste. A verdade é que a deficiência não tem correlação com a libido ou os desejos sexuais de uma pessoa. A suposição de que pessoas com deficiência não têm desejos ou necessidades sexuais impede esses indivíduos de expressar e explorar sua sexualidade de maneira saudável e segura. 

A Importância da Educação Sexual

O direito à educação sexual não é exclusivo para alguns, é um direito humano universal. No entanto, muitas vezes, pessoas com deficiência são excluídas desses programas, perpetuando o ciclo de desinformação e preconceito. A educação sexual deve ser apresentada de forma acessível, levando em consideração as diversas habilidades cognitivas e físicas. Isso inclui tópicos como anatomia, consentimento, doenças sexualmente transmissíveis, contracepção, e a construção de relacionamentos saudáveis. 

Consentimento e a prevenção de abusos

Tragicamente, pessoas com deficiência estão mais propensas a se tornarem vítimas de abusos sexuais devido à falta de educação e conscientização adequada sobre sexualidade, e também devido à dependência de cuidadores. A educação sobre consentimento e respeito é uma ferramenta vital na prevenção do abuso sexual. O consentimento é uma parte integral de qualquer interação sexual e é essencial que as pessoas com deficiência sejam educadas para compreender e expressar seu consentimento. 

Acesso a informações e serviços de saúde sexual

Os serviços de saúde sexual não devem ser um luxo, mas sim um direito acessível a todos, independentemente de suas habilidades. Isso inclui informações sobre saúde sexual, controle de natalidade, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, serviços de saúde reprodutiva, entre outros. A discriminação, o estigma e a inacessibilidade física não devem ser barreiras para as pessoas com deficiência obterem informações e cuidados de saúde sexual. 

Tempo para mudança

É hora de mudar a narrativa em torno da educação sexual para pessoas com deficiência. Esses indivíduos têm o direito de serem informados, protegidos e capacitados quando se trata de sua saúde sexual. Eles merecem ter acesso à informação para tomar decisões seguras e informadas sobre sua própria sexualidade. A educação sexual inclusiva não é apenas um direito, mas uma necessidade imperativa. 

Segundo a Psicóloga da Apae Curitiba, Jordana Lourenço, é muito comum relatos sobre sexualidade da PCDI. “Como psicóloga na Apae, posso dizer que me deparo no trabalho com diversos relatos de manifestações da sexualidade da pessoa com deficiência intelectual. Ignorar, ocultar ou reprimir não é o modo mais adequado de agir. Estes comportamentos podem levar ao acúmulo de incertezas, insegurança e imaturidade para uma prática sexual saudável”, disse. 

Lourenço também relata que as manifestações podem acontecer no dia a dia. “As manifestações da sexualidade irão se aflorar inclusive no âmbito escolar, onde passam grande parte do dia, desenvolvem vínculos afetivos e recebem influência no processo de tornar-se indivíduo. Igualmente nos sujeitos com déficits severos, mesmo que de modo mais limitado, considerando que o desejo sexual está relacionado ao desenvolvimento psicossocial e cognitivo”, comentou a profissional. 

Jordana fala sobre os tabus e preconceitos e como dialogar sobre o assunto. “Tendo isto em mente, compreendemos que trazer diálogos sobre o tema, sem tabus e preconceitos, é indispensável. Propiciar discussões para compreensão da sexualidade e como esta desempenha papel primordial a todo ser humano, com uma boa educação sexual conduzida pela escola e família. Pessoas com deficiência intelectual têm o direito e precisam dialogar, receber orientação sexual e medidas preventivas contra manifestações e práticas não saudáveis, gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis”, falou. 

A psicóloga lembra de uma vivência que teve em um dos atendimentos. “Em uma vivência clínica, promovi um espaço acolhedor e seguro para que meus pacientes pudessem abordar o tema sem repreensão. Durante a intervenção era notório o alívio de poderem falar sobre seus sentimentos, vontades e experiências sem a apreensão de levarem uma bronca, e também o entusiasmo por estarem sendo considerados nas suas singularidades”, relatou. 

Ao finalizar, Lourenço comentou sobre estabelecer limites. “Isto não significa que não há ajuste de limites, ao contrário. Estabelecer limites é uma maneira positiva de ajudar o indivíduo a se desenvolver emocionalmente, aprendendo a controlar os impulsos, adquirindo as regras de convívio social e desenvolvendo senso crítico. E a melhor maneira de assim o fazer é através do diálogo, passando longe do autoritarismo e da superproteção”, finalizou.  

A falta de discussão e a exclusão na educação sexual para pessoas com deficiência não são apenas prejudiciais, mas inaceitáveis. É imperativo que nos esforcemos para garantir que a educação sexual seja inclusiva, acessível e apropriada para todos, independentemente de suas habilidades. É apenas através dessa inclusão e compreensão que podemos esperar criar uma sociedade verdadeiramente igualitária e justa.

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A Apae de Curitiba precisa da sua ajuda. Hoje a instituição atende quase 500 estudantes em cinco escolas, oferecendo saúde e assistência social. São realizados, em média, 50 mil atendimentos terapêuticos por ano e 3,5 mil por dia. Por ser uma instituição sem fins lucrativos precisa de apoio da sociedade. O ambiente precisa de reformas e para isso, que tal doar para a Apae Curitiba e apoiar a causa da pessoa com deficiência intelectual ou múltipla? É muito fácil, clique AQUI e saiba mais. 

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