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Analfabetismo em adultos com deficiência e o impacto do aprendizado de leitura no desenvolvimento cognitivo

Entenda sobre o analfabetismo no Brasil para pessoas com deficiência, desigualdades sociais e as consequências dessa condição para o desenvolvimento cognitivo.
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Lorena Motter Kikuti
Estagiária de Jornalismo
Publicado em

Mesmo com o avanço socioeconômico do corpo social obtido nos últimos dez anos, o analfabetismo entre adultos continua sendo uma realidade alarmante no Brasil.

A alfabetização é um fator decisivo para o futuro de qualquer indivíduo, impactando não só nas oportunidades de vida; como maiores possibilidades de emprego, acesso à informação e outros, mas também no desenvolvimento cognitivo da pessoa. 

Logo, o acesso à educação é indispensável para o desenvolvimento da população e para a redução das desigualdades sociais, em especial das dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência intelectual e/ou múltipla. 

Mas o que é analfabetismo?

A United Nations Educational, Scientific and Cultural Organisation (UNESCO) define a palavra analfabetismo como a incapacidade de ler e escrever um enunciado simples, com relação ao cotidiano.

Estatísticas e disparidades sociais

Em 2022, um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 5,6 % das pessoas com 15 anos ou mais de idade, equivalente a 9,6 milhões de pessoas, eram analfabetas no Brasil. 

Outra pesquisa realizada pelo IBGE indicou que, no terceiro trimestre de 2022, a taxa de analfabetismo para pessoas com deficiência foi de 19,5%, enquanto a taxa referente às pessoas sem deficiência foi de 4,1%. 

A fim de comprovar a existência da disparidade social em relação ao acesso à educação às pessoas com deficiência, o IBGE mostrou que a maior parte das pessoas de 25 anos ou mais com deficiência não completaram a educação básica: 63,3% eram sem instrução ou com o fundamental incompleto e 11,1% tinham o fundamental completo ou médio incompleto. Para as pessoas sem deficiência, esses percentuais foram, respectivamente, de 29,9% e 12,8%.

Impacto do analfabetismo no desenvolvimento cognitivo

O artigo “Distúrbios do desenvolvimento- Estudos Interdisciplinares”, de 2018, publicado por Cibelle Amato, Decio Brunoni e Paulo Boggio, possui uma seção dedicada a falar sobre o impacto do analfabetismo para o desenvolvimento cognitivo de adultos.

A obra mostrou que a aprendizagem da leitura afeta o desenvolvimento da consciência fonológica, também altera a forma de apresentar e armazenar informações na memória e está associado a funções executivas mais complexas, como tomada de decisão. Além disso, o escritor informa que o analfabetismo é capaz de modificar a percepção visual e outras habilidades espaciais. Veja:

Consciência Fonológica

A consciência fonológica é a habilidade de identificar, manipular ou isolar os sons da fala. Essa capacidade está associada a decodificação fonológica, assessorando na conversão dos símbolos visuais e sonoros. Dessa forma, a habilidade de lidar explicitamente com unidades fonêmicas não se desenvolve espontaneamente, indicando que a alfabetização e leitura contribuem significativamente para isso. 

Memória

Em termos gerais, a memória é uma função cognitiva que proporciona que informações e experiências prévias sejam armazenadas e acessadas quando necessário. A falta de leitura afeta o desenvolvimento da alça fonológica, a qual é responsável por conservar as informações acústicas e  verbais na memória.

Funções Executivas

As funções executivas (FE) são um conjunto de habilidades responsáveis pelo controle do comportamento, que influencia em competências como: resolução de problemas,  planejamento, tomada de decisão e raciocínio. A falta de educação formal e de leitura são apontadas como variáveis com impacto relevante ao desempenho cognitivo e desenvolvimento das FE, é notável a dificuldade de manter resultados e da tomada de decisão. 

Percepção visual e habilidades espaciais

A aprendizagem de leitura interfere nas estratégias de busca visual, orientação cognitiva, processamento visuoespacial, padrões de lateralização e outros. Isso acontece porque há uma tendência de direcionamento visual relativa à direção do sistema de escrita em que a pessoa está inserida. Cria-se um padrão de análise visual que não é comum a pessoas analfabetas. 

A partir desse ponto, torna-se evidente a influência que o aprendizado da leitura exerce no desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Durante a fase da educação infantil, a criança consegue aprimorar tanto a fala quanto a escrita, sendo crucial um acompanhamento especializado nos estágios iniciais de aprendizado, especialmente na leitura, para crianças com deficiência intelectual. A Escola de Estimulação e Desenvolvimento (CEDAE) da Apae Curitiba conta com profissionais capacitados para proporcionar um ambiente propício ao pleno desenvolvimento dessas crianças, garantindo que alcancem seu potencial máximo.

Para saber tudo sobre Deficiência Intelectual, Síndromes e Transtornos, siga a Apae Curitiba no Facebook e Instagram.

A Escola CEDAE

A Escola de Estimulação e Desenvolvimento (CEDAE), atende a Educação Infantil na Modalidade Educação Especial, oferece atendimento pedagógico e terapêutico, de estimulação precoce e pré-escolar, com idade cronológica de 0 a 5 anos e 11 meses. O atendimento é destinado às crianças com síndromes, atrasos de desenvolvimento neuropsicomotor e deficiência intelectual. O objetivo principal é promover, através do processo educacional e terapêutico, a formação do cidadão, sua estruturação para a independência, autonomia e autorrealização. Conheça a escola clicando AQUI.

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