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Embarque nesta emocionante jornada de uma família determinada a oferecer uma vida melhor para seu filho com paralisia cerebral.
A psicologia desempenha um papel crucial no contexto da saúde mental, especialmente ao lidar com pessoas com deficiência intelectual. Compreender e explorar a mente é essencial, e a orientação de profissionais nessa área contribui significativamente para garantir uma melhor qualidade de vida.
A Apae Curitiba dedica-se a garantir que todos os alunos e assistidos se beneficiem em todas as áreas, reconhecendo a importância do cuidado emocional para uma vida plena diante das circunstâncias enfrentadas por pessoas com deficiência, como os desafios e as barreiras impostas pela sociedade. Atualmente, a Apae conta com profissionais especializados capazes de atuar em diversas áreas de assistência, abrangendo crianças, jovens e adultos. Cada faixa etária exige uma abordagem específica, e é nessas atividades que o impacto pode ser positivo e significativo.
Giulia Vieira, psicóloga da Escola de Estimulação e Desenvolvimento (CEDAE), desafia-se ao atender crianças de zero a cinco anos, destacando a complexidade dessa atividade, afinal cada criança tem um plano terapêutico individualizado, no qual cada técnica é adaptada às suas potencialidades e dificuldades.
Uma das estratégias adotadas e trabalhadas pela profissional são manejadas a partir da manutenção de atenção e foco, engajamento da relação com o outro e em atividades compartilhadas, a comunicação e a elaboração emocional através da brincadeira e da ludicidade. E para que o trabalho tenha efeito positivo é preciso que não somente a família esteja presente, mas todo o trabalho realizado por outros profissionais e a articulação social, formem uma rede de apoio essencial à vida dessa criança.
Giulia explica que existem duas formas de enxergar a terapia, uma delas é através do plano micro, onde são trabalhadas as questões de autonomia e autoestima, além das habilidades que a criança desenvolve através do suporte familiar. Já no plano macro o trabalho é estendido a visão social a respeito da deficiência.
Lidar com as frustrações, comunicar vontades e desejos e inseri-las de forma satisfatória em meio às necessidades coletivas são os aspectos mais difíceis de serem trabalhados. ‘’A abordagem é sempre levando em conta a história de vida daquela criança, bem como a história antes de seu nascimento, ou seja, o histórico familiar. Considerando a dinâmica singular do dia a dia da rede de apoio da criança, bem como sua personalidade em formação é a forma de enfrentar os desafios dentro do suporte emocional’’, enfatizou a psicóloga.’’
O trabalho na Apae é sempre multidisciplinar. Como as crianças necessitam de terapias nas diferentes áreas, o trabalho integrado de toda a equipe é fundamental para que o processo terapêutico ocorra. A psicologia pode colaborar com essa equipe favorecendo o diálogo sobre as potencialidades e as dificuldades da criança, ajudando a pensar em conjunto a melhor maneira de dar suporte emocional e fazendo estudo de caso com a equipe.
O diferencial dentro do trabalho realizado na instituição é o compromisso com a inovação, pois os profissionais se atentam e permitem aprender novos métodos e se atualizar diante das principais abordagens que podem auxiliar a criança com deficiência. As principais delas são a promoção de autonomia e engajamento no momento da terapia através das preferências lúdicas da criança. Isso se diferencia um pouco das práticas globais no sentido de termos ainda uma sociedade que coloca a criança no local de passividade. ‘’Nós buscamos compreender o que move a criança ao protagonismo no brincar da terapia, e é aí onde o processo terapêutico se desenvolve, pois ela já tem o afeto com aquele brinquedo ou atividade e é aí onde ela tem mais possibilidades de aprender’’, ressaltou Vieira.
Sem dúvida a família é o principal pilar que sustenta e auxilia de forma sólida o trabalho desenvolvido pelo psicólogo, Giulia explica que sem essa rede de apoio é difícil construir um trabalho sólido e de longo prazo.
‘’Através do cuidado com a família e de trabalho conjunto na compreensão que ela tem da sua criança é que realizamos o suporte emocional, afinal, é onde a criança passa a maior parte do tempo dela e na família é onde se encontra o laço afetivo mais intenso. É através do afeto que a criança aprende’’, disse. Através da família é possível entender as dificuldades ou traumas deixados naquela criança.
O suporte psicológico é essencial durante a adolescência. A psicóloga Aline Maciel que oferece serviço de apoio psicológico para a Apae Curitiba aos estudantes com idades entre 8 e 15 anos na Escola Luna Muller. Sua abordagem enfatiza a integração das habilidades sociais e de comunicação, visando aprimorar a autoestima e os relacionamentos interpessoais dos jovens. Além disso, esse suporte auxilia na identificação e na compreensão das emoções, ajudando a lidar com pensamentos negativos ou distorcidos, o que consequentemente melhora o humor e reduz a ansiedade, conforme explicado pela profissional.
Em alguns casos, o desafio reside na própria capacidade de comunicação. Adolescentes com deficiência intelectual podem encontrar dificuldades para se expressar verbalmente, o que limita sua habilidade de comunicar suas emoções e necessidades. Outros podem enfrentar barreiras de maturidade e de compreensão emocional, lutando para identificar e nomear seus sentimentos.
‘’É de extrema importância abordar esse adolescente de forma assertiva, validando suas emoções, oferecendo acolhimento e ajudando-o na compreensão dos seus sentimentos. A partir disso, pensar estratégias de organização dessas emoções e enfrentamento, sempre respeitando a individualidade de cada um’’, ressalta Aline.
A participação da família é crucial no processo de psicoterapia, pois isso permite que o jovem aplique na prática o que aprende na escola. A terapia auxilia o adolescente a aprimorar suas relações familiares, o que contribui para sua autoestima e bem-estar emocional. É essencial que os membros da família estejam envolvidos, pois isso proporciona ao adolescente segurança e motivação em seu desenvolvimento.
‘’O fortalecimento do núcleo familiar é o maior benefício para o melhor desenvolvimento do adolescente e reorganização dessa família’’, ressalta.
Quando os laços familiares são fortalecidos por meio da participação ativa na psicoterapia, abre-se espaço para uma comunicação mais aberta, compreensão mútua e apoio contínuo. Assim, não apenas o adolescente, mas todos os membros da família, podem experimentar uma melhoria significativa em sua qualidade de vida e relacionamentos interpessoais.
A Apae Curitiba também proporciona atendimentos na área da psicologia aos alunos das escolas Agrícola, Vivenda e Escola de Integração e Treinamento do Adulto (CITA), nos quais os assistidos são adultos com idade superior a 16 anos, que apresentam deficiência intelectual e múltipla como autismo, síndrome de Down, além de doenças raras que podem afetar a mobilidade e as habilidades de comunicação verbal. A responsável por prestar os serviços de atendimentos desses indivíduos é a psicóloga Jordana Lourenço .
Ela conta que cada paciente demanda uma abordagem individualizada que considere suas características específicas, competências, preferências e o contexto em que está inserido. Além disso, segundo Jordana, as abordagens terapêuticas têm demonstrado impacto significativo na vida emocional de adultos com deficiência intelectual por proporcionarem um ambiente seguro para a expressão de emoções e pensamentos. “Essas intervenções visam melhorar a autoconsciência, habilidades sociais, autoestima, resiliência emocional e capacidade de lidar com o estresse e desafios do dia a dia”, alega.
Algumas das principais abordagens psicológicas comumente utilizadas na Apae incluem terapias cognitivo-comportamentais adaptadas, psicoterapia centrada na pessoa, terapia ocupacional e intervenções baseadas em apoio social.
A profissional afirma que uma estratégia que tem dado muito certo no tratamento de adultos com deficiência intelectual (DI) é a mudança de foco, é preciso focar nas habilidades e capacidades do indivíduo, ao invés das limitações. “Assim é possível promover autonomia e o desenvolvimento de uma identidade positiva “, disse.
Utilizar do reforço positivo tem se mostrado muito benéfico. Neste caso é fornecida uma recompensa como incentivo ao comportamento apresentado, podendo ser inclusive um elogio.
Ainda, ela compartilha da sua técnica de role playing, um jogo de interpretação de papéis: “Simulo situações sociais, peço para que o paciente interprete um papel, e assim conseguimos explorar as emoções envolvidas, habilidades sociais, construção de autoconfiança e resolução de conflitos”. A técnica é acompanhada de apontamentos e questionamentos, para que o paciente pense sobre os desdobramentos de suas ações.
Jordana conta que a implementação de novas tecnologias, como aplicativos de terapia virtual, jogos terapêuticos e dispositivos de realidade virtual tem revolucionado o tratamento terapêutico.
Além disso, ela revela uma nova teoria: a teoria cognitiva comportamental adaptada às necessidades específicas dos pacientes com deficiência intelectual, focando na identificação e modificação de pensamentos distorcidos, emoções negativas e comportamentos desafiadores. “ Esta abordagem tem sido útil no manejo da ansiedade e problemas de comportamento”, explica.
Conforme a psicóloga, a ausência de competências na comunicação verbal pode complicar tanto a expressão quanto a compreensão das emoções, tornando a identificação e o tratamento delas mais difíceis. Ainda, a carência de pesquisas direcionadas a esse grupo também é mencionada como um desafio significativo.
Dessa forma, Jordana afirma “sempre busco adaptar as técnicas terapêuticas e envolver os cuidadores e familiares no processo, fornecendo orientação e apoio. Isso tende a mitigar os desafios enfrentados”.
Os familiares de adultos com DI ou responsáveis desempenham um papel muito importante no suporte emocional desses indivíduos. De acordo com a psicóloga, eles são encarregados de disponibilizar as informações e o histórico do paciente, englobando o histórico emocional, comportamental e médico, o que ajuda a compreender melhor as necessidades individuais.
Além disso, ela conta que eles também participam ativamente na elaboração e alcance das metas terapêuticas, inclusive, implementando algumas estratégias para além do ambiente terapêutico.
“Dentro do que mais recebo nos feedbacks é o aumento da autoestima e autoconfiança, juntamente com o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento”, contou.
Assim, o apoio emocional auxilia os pacientes e seus familiares a adquirirem competências de enfrentamento eficazes para lidar com os obstáculos cotidianos, promovendo assim a sua resiliência emocional e capacidade de ajustamento.
Visando o bem-estar dos alunos, a Apae Curitiba detém uma equipe multidisciplinar de saúde e educação. A implementação de psicólogos no tratamento de adultos com DI colaboram para a criação de um ambiente terapêutico integrado.
Dessa maneira, Jordana alega, referindo-se ao atendimento aos alunos da Apae Curitiba: “a equipe de saúde trabalha junto nas avaliações, desenvolvimento dos planos de tratamento integrado, implementação de estratégias de intervenção e apoio, garantindo que suas necessidades físicas, emocionais e sociais sejam atendidas de maneira satisfatória”.
Para Jordana, é essencial que haja a garantia de que pessoas com deficiência intelectual tenham acesso a serviços de saúde mental e apoio emocional adequados especialmente em áreas com recursos limitados ou sistemas de saúde sobrecarregados.
“Ainda existe muito estigma em torno da deficiência intelectual e da saúde mental, o que pode dificultar o acesso aos serviços e o apoio emocional. É importante promover a sensibilização e a educação para reduzir o estigma e aumentar a aceitação e inclusão dessas pessoas na sociedade”, conclui.
A psicóloga compartilhou uma história emocionante sobre seu primeiro paciente, um aluno inicialmente muito reservado e pouco disposto a compartilhar sobre si mesmo. Ao longo das sessões, estabeleceu-se um vínculo terapêutico e o paciente começou a abrir-se sobre seu passado e suas emoções.
Durante esse processo, o paciente revelou ter sofrido maus-tratos e encontrar dificuldades em formar laços afetivos. Gradualmente, ele reconheceu o desejo de mudar esses padrões comportamentais e solicitou a ajuda da profissional para alcançar essa transformação.
Objetivo alcançado. “Hoje este paciente me vê e rapidamente me dá um abraço. Ele já me agradeceu e falou que gostaria que todos pudessem ter uma Jordana“, revela.
Ainda, em uma das sessões terapêuticas, ele compartilhou que haviam zombado dele, chamando sua escola de “lugar de pessoas loucas”. Sem compreender, ele pediu para a psicóloga explicar o motivo por trás desses comentários. Então, ela descreveu o que era a Apae, detalhou o conceito de deficiência intelectual, explicou o propósito do trabalho realizado e mencionou como, infelizmente, algumas pessoas ainda discriminam erroneamente. “No final da minha explicação ele sorriu e me disse que então este lugar era incrível e se sentiu muito bem”, conta. Ambos saíram muito felizes do atendimento.
“Não é só o profissional que impacta na vida dos seus pacientes, a recíproca também ocorre e é sempre gratificante”, adiciona.
Texto: Eduarda Zeglin e Lorena Motter Kikuti
A Apae Curitiba conta com três centros terapêuticos que oferecem atendimentos à saúde gratuitos às pessoas com deficiência intelectual ou múltipla. A instituição é mantenedora de cinco escolas especializadas localizadas em Santa Felicidade, Batel e Seminário, em Curitiba. Confira nossas escolas:
➔ Escola de Educação de Estimulação e Desenvolvimento – CEDAE: Faixa Etária: 0 a 5 anos e 11 meses.
➔ Escola Luan Muller: Faixa Etária: de 06 a 15 anos e 11 meses.
➔ Escola Terapêutica Vivenda: Faixa Etária: a partir de 16 anos, com atuação no EJA.
➔ Escola Integração e Treinamento do Adulto – CITA: Faixa Etária: acima de 16 anos, com atuação no EJA.
➔ Escola Agrícola Henriette Morineau: Adultos e adolescentes a partir de 17 anos.
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