A dificuldade de aprendizado de crianças com autismo em sala de aula é um desafio significativo tanto para os educadores quanto para os próprios alunos. O autismo é uma condição que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social, pode variar amplamente em seu nível de suporte, apresentando desde dificuldades sutis até impedimentos severos.
Em um ambiente escolar tradicional, onde o aprendizado é frequentemente estruturado de forma padronizada e com expectativas de comportamento homogêneas, crianças autistas podem enfrentar barreiras consideráveis. Elas podem ter dificuldades em seguir instruções verbais, compreender normas sociais implícitas e manter o foco nas atividades propostas, o que muitas vezes resulta em frustração e em um desempenho acadêmico abaixo do seu potencial.
Além disso, crianças com autismo frequentemente apresentam sensibilidades sensoriais, que podem ser desencadeadas pelo ambiente de sala de aula, como ruídos altos, luzes ou a proximidade física de outras crianças. Essas sensibilidades podem causar distração ou desconforto significativo, dificultando ainda mais a sua capacidade de aprendizado.
A falta de adaptações apropriadas e de apoio especializado pode agravar esses desafios, resultado em uma experiência educacional que não só é eficaz, mas também potencialmente traumática. Portanto, é crucial que as escolas desenvolvam e implementem estratégias inclusivas e individuais para atender às necessidades únicas dessas crianças, promovendo um ambiente de aprendizado que seja acessível, acolhedor e estimulante.
Na Apae Curitiba o ensino especializado com crianças autistas é implementado desde a primeira infância na Escola de Estimulação e Desenvolvimento. A professora Paula Monick conta algumas estratégias que são utilizadas em sala de aula para que as crianças com TEA possam manter o foco durante a atividade.
Antes de iniciar qualquer atividade, os professores informam as crianças sobre tudo o que será trabalhado durante o período escolar. “Quando fazemos essa antecipação, preparamos a criança para as mudanças que irão ocorrer, evitando o estresse que pode surgir no final ou início de uma nova atividade”, explica a professora.
Além dessa antecipação, a professora enfatiza que toda adaptação deve estar alinhada às habilidades da criança, respeitando seus níveis de suporte. Dessa forma, as atividades podem ser ajustadas, preferencialmente a curto prazo, para que as crianças mantenham o foco. Utilizar temas de interesse da criança também é uma estratégia para garantir sua atenção por mais tempo. Os profissionais procuram ser muito claros e objetivos nas instruções, facilitando o entendimento e a execução das ações pelas crianças.
Informar a criança sobre a possibilidade de música alta é essencial para que ela possa se preparar e, muitas vezes, usar abafadores de som. Ao explorar diversos sons, os professores testam os limites de tolerância da criança, conhecendo-a melhor e adaptando as atividades de acordo com suas necessidades.
Existem várias outras estratégias, como o uso de objetos de conforto em momentos mais delicados, como um bichinho de pelúcia, um mordedor, um paninho ou até mesmo um livro. Esses objetos proporcionam segurança à criança, ajudando-a a regular seu desconforto e, por vezes, enfrentar o que a incomoda.